sábado, 20 de fevereiro de 2010

O (grande) monstro de olhos verdes


Em Otelo é chamado de monstro de olhos verdes. Eu não sei se o meu monstro tem olhos verdes mas que é um monstro, lá isso é.

Segundo a etimologia, a palavra ciúme vem de cio que, por sua vez, tem raiz no grego zêlos (e no latim zelumen) que, literalmente, significa inveja, fervor e ardor. Combinando estas definições, podemos definir o ciúme como sendo um zelo e fervor que pode envolver não só amor, no mais belo sentido da palavra, mas desconfiança, inveja e despeito.

O dicionário Houaiss define ciúme como um estado emocional complexo que envolve um sentimento penoso provocado em relação a uma pessoa da qual se pretende um amor exclusivo; receio de que o ente amado dedique o seu afecto a outrem. Um sentimento de perda do objecto ou da pessoa amada para outra pessoa, geralmente, não presente ou desconhecida. A Wikipédia afirma que o ciúme, quando ultrapassa certos limites, transforma-se em patologia... o ciúme mórbido ou patológico, também designado por síndrome de Otelo...

E toda a gente já ouviu ou fez parte de histórias sobre relações que terminam porque uma das partes é demasiado ciumenta. Toda gente sabe como é tormentoso e penoso para a pessoa que é alvo dos ataques de ciúmes do outro. Mas e já pararam para pensar como é penoso e tormentoso para a pessoa que tem os ataques de ciúmes e não os consegue controlar?

Pois é, há pessoas que são ciumentas não porque o querem ser mas simplesmente porque são.
Eu sou uma dessas pessoas. Calculo que a minha ciumeira rase a patologia, tendo em conta que é algo que, raramente, consigo controlar.
Quando tenho os ditos ataques de ciúmes transformo-me, não consigo pensar direito, raciocinar, parece que sou outra pessoa. E nessas alturas a pessoa em que me transformo é uma pessoa má e mesquinha.

O meu namorado sofre, tenho consciência disso. E, apesar de ele achar que não, luto com todas as minhas forças contra esta personalidade ciumenta que cresce dentro de mim.
Não sei que mais possa fazer para deixar de ser a ciumenta controladora em que me transformei. Mais um distúrbio de personalidade a juntar aos vários que, provavelmente, tenho. Penso que este seja o mais premente a erradicar. Mas como?

Eu já tracei um plano, vamos ver se resulta.

O primeiro passo era admitir que tenho um problema e isso já fiz.
Depois contrariar os pensamentos irracionais, é nisto que tenho trabalhado nas ultimas semanas, com evolução favorável mas lenta.

Porque o facto de achar que o meu namorado se pode interessar, constantemente, por outras pessoas mais do que por mim só pode querer dizer que eu tenho um problema de auto-estima. Vou ter de trabalhar na minha auto-estima e capacidade de auto-aceitação.

Porque o ter ciúmes quer dizer que não confiamos inteiramente na outra pessoa vamos ter de trabalhar nisso. Vou ter de confiar no meu namorado. Não duvidar do que ele me diz, já comecei a tentar fazê-lo, também, nas ultimas semanas. Tenho a certeza de que seria mais fácil se o meu namorado não fosse um actor "misterioso" que gosta de ter segredos e de não partilhar a sua intimidade e fosse uma pessoa "normal" (aqui tenho de escrever um lol, uma pitadinha de humor só para o texto não ficar demasiado pesado e/ou deprimente).

Das diversas pesquisas que fiz na internet sobre este tema descobri que há pessoas que acham que se pode curar os ciumes em apenas 5 passos:
1) Avaliação. Se ele não dá motivos para ter ataques de ciúmes porquê tê-los?
2) Reflexão. Lá por um dia ele não poder/querer estar comigo não tem necessariamente que estar a ser infiel.
3) Diálogo. Se há algo que não gosto, em vez de fazer uma cena é melhor falar com ele.
4) Ocupação. Em vez de perder tempo a pensar no que ele estará a fazer quando não está comigo, tenho de ocupar o meu tempo a fazer coisas saudáveis, divertir-me e sentir-me bem. Afinal se eu fui a sua eleita convém que esteja bem disposta quando estivermos juntos.
5) Liberdade. Ninguém gosta de viver numa prisão. Se não estivermos sempre juntos vai ser mais fácil ele ter saudades minhas.

Se calhar essas pessoas têm razão porque o que acabei de escrever em jeito de resumo sobre os tais 5 passos, parece-me fazer todo o sentido e estar em consonância com o plano que já tinha traçado e descrevi acima.

Por incrível que pareça, também, descobri que existem (dizem eles) algumas regras para quem sofre dos ataques de ciúmes das namoradas.
As que mais gostei foram "surpreenda sempre" e "declare todos os dias o seu amor para que não restem duvidas". Não sei se existe a obrigatoriedade de o meu namorado se declarar ou me surpreender todos os dias mas sem duvida não me importava que isso acontecesse. Se ia ajudar a combater os meus ciúmes? Penso que sim.
Mas como é óbvio, é coisa que nem sequer me passa pela cabeça pedir-lhe (amor se estás a ler isto pensa que é um post e estou a escrever sobre coisas que encontrei na internet e não uma forma subliminar de o pedir ok? Se não pedia directamente).
Afinal quem tem de combater e controlar isto sou eu. O problema é meu. Mas se ele quiser ajudar eu não me importo :)

O texto já vai longo e não sei quem terá paciência de o ler até ao fim. Haveria muito mais para escrever sobre este tema, talvez fique para outro dia.
Por agora vou apenas dizer que se o meu plano e estes 5 passos não resultarem, se calhar, a única coisa que me resta será procurar ajuda especializada.
Mas eu sei que sou forte e consigo resolver os meus problemas sozinha, por isso, monstro (com olhos verdes ou não) prepara-te para a guerra.

So....
Let the games begin!

2 comentários:

Isaac Marinho disse...

Tive paciência e li até o fim... =D

Também tenho ciúmes, mas já os controlo com certa habilidade. Sei o que é sofrer acessos de ciúmes e fazer coisas desesperadas; para dizer o mínimo, dei uma canetada — com certa força — na cabeça de uma garota a quem quis muito, quando ainda nem estávamos juntos... eu só queria a atenção dela.

Hoje é diferente, por mais que o tormento dos ciúmes me queira dominar, sempre o contorno, me estabilizo e sigo em frente.

Espero que o superes também.

Abraços.

Mãe Jo disse...

Estou a trabalhar para isso e acho que não está a correr bem. Mas vamos ver como corre a próxima situação em que habitualmente teria um ataque, espero conseguir controlar-me :)