domingo, 7 de fevereiro de 2010

Alone in the Dark


São dias como o de hoje, em que me sinto meio adoentada, que me fazem repensar a decisão, há muito tomada, de viver sozinha. Nestas alturas em que nos apetece o carinho de uma canja fumegante trazida à cama, para não termos de fazer o mínimo esforço e a cura fluir mais depressa. Claro que sei que se precisar mesmo, mesmo basta chamar o SOS Mãe e a canja aparece.

Estava hoje de manhã, cheia de dores de garganta, nestas conjecturas quando decidi que se a canja não vem cá vou eu à canja. A vontade da canja aliada à necessidade de comprar medicamentos conseguiram arrancar-me da cama.

E lá fui, mal vestida, com mau aspecto mas inchada, cheia de um orgulho daqueles que nos fazem ver que as decisões tomadas são as mais acertadas. Cheia de um orgulho de que consigo vencer a preguiça e as dores e tratar de mim sem incomodar ninguém.

Fui para descobrir um mundo novo.
Uma senhora muito simpática na farmácia que apesar de não ter todos os medicamentos que eu precisava (como é que o Constipal esgota?) lá me deu um genérico e os desejos de melhoras.
Duas raparigas, no café onde me deliciei com um capuccino, que discutiam sobre quem o devia fazer. Aparentemente tinham uma disputa sobre qual delas fazia o melhor creme de leite.
Fiquei ainda a saber que quando estamos doentes e vamos comprar uma canja, no take-away, pagamos mais por trazê-la para casa. Pagamos mais porque decidimos comê-la no sossego do nosso lar em vez de num centro comercial apinhado, cheio de crianças aos gritos que é do melhor para quem tem tremendas dores de cabeça.

Ainda assim o orgulho continuava.
Lá vim para casa, aviada de medicamentos, canja e uma revista sobre a minha paixão, a fotografia. Não podemos dizer que seja uma paixão nova, apenas que estou a redescobri-la, a dedicar-lhe mais tempo. Também devo dizer que me tem apetecido, afinal a fotografia é como escrever e como tantas outras coisas, por mais que gostemos se não nos apetecer não há maneira de sair uma coisa de jeito.

E cá estive em casa, toda a tarde de volta do PhotoShop a editar fotografias antigas. Fotografias que já tinha tirado há muito tempo, mas que estavam algures perdidas no disco do meu computador. Como esta que está mesmo por cima do texto que agora acabo de escrever, enquanto acabo, também, de fazer o jantar e me preparo para o comer e me deitar.

Pode dizer-se que foi um dia bem conseguido, em que apesar de não ter tido o carinho de uma alma caridosa que me viesse dar mimos e fazer canja, eu tratei bem de mim!

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