sábado, 29 de novembro de 2008

1º Dia


Decidi criar este blog na expectativa de poder "falar" o que por norma não falo com ninguém.
Coisa estranha não conseguir falar sobre mim a outras pessoas, sobre o que penso, o que sinto, o que me assusta, o que me alegra, o que me anima e decidir fazer um blog. "Esparramar" na net aquilo que não consigo contar aos meus amigos... No fundo parece que quero partilhar mas que me sinto mais segura pelo anonimato que este blog me poderá dar.
Nunca tive um blog, portanto isto será uma aventura para mim. Mais um desafio que me poderá ajudar a manter ocupada e a não pensar tanto. Acho que um dos meus maiores males é pensar demasiado.
Não escrevo no intuito de ser uma Obra literária, pois há muito que perdi a ilusão de que tinha jeito para a escrita. Mas aqui apenas vou falar sobre mim, os meus sentimentos e talvez as minhas relações com os outros, este é o meu blog... Não entendam isto como um sintoma de narcisismo (já vão perceber mais abaixo se continuarem a ler) mas, efectivamente, a criação deste blog apenas tem a ver comigo e com a tentativa de desabafar e talvez com isso me conseguir libertar deste fardo pesado de não conseguir falar sobre mim com os outros...
Provavelmente vai ser apenas um chorrilho de palavras que ninguém vai ter paciência para ler, mas enquanto me apetecer escrever assim o farei.
Não prometo que o vá actualizar pois não sei se amanha terei a mesma vontade de partilhar com o mundo a minha vida, os meus stress, a minha psicose, as minhas neuroses.
Hoje descobri que talvez seja "Narcisista", que tenha uma personalidade narcisista. Um conhecido distúrbio de personalidade entre os muitos que já penso ter.
Já há algum tempo que o meu namorado, que vai deixar de ser (coisa estranha namoro com fim anunciado porque não se acaba pelo telefone) me chama a atenção para o facto de que por vezes quando estou a contar alguma coisa que fiz me refiro a mim própria na terceira pessoa.
No meio da minha "psicose" e porque tenho de me entreter a fazer qualquer coisa até chegar a hora do anunciado rompimento, decidi pesquisar qual seria a explicação dos psicólogos para este fenómeno de falarmos sobre nós na terceira pessoa.
Qual não foi o meu espanto quando tudo o que encontro são excertos que apontam para o distúrbio de personalidade narcisista.
"...um dos sintomas da disfunção da personalidade narcisista (de acordo com livros do assunto de psicologia) é a de referir-se a si mesmo em terceira pessoas..."
Nunca me tinha visto como tal, bom se calhar nunca tinha pensado no assunto.
Sei que tenho grandes problemas, sei que não sou uma pessoa "normal". Bom mas o que é uma pessoa "normal"? O quê/quem define os padrões da normalidade? Ser normal é ser uma pessoa como as outras? Mas não há pessoas iguais!
Na minha opinião todos nós somos loucos, cada um vive na sua loucura. Cada um vive a sua loucura à sua maneira.
Se todos nós somos loucos, todos nós somos normais? Uns mais loucos que outros, uns mais normais que outros.
Se calhar só vivo a minha loucura mais intensamente do que os outros, os ditos "normais". Aliás vivo tudo intensamente. Quando amo, amo intensamente. Quando odeio, odeio intensamente. Quando sofro, intensamente o faço. Quando me rio, solto gargalhadas intensas. Sou intensa. Exagero nos sentimentos? Talvez...
Sei que exijo demasiada atenção das outras pessoas, talvez seja mais um sintoma do tal narcisismo, quem sabe?
Sou tímida mas gosto de dar nas vistas.
Gosto de mimos, mas não gostamos todos? Gosto de mimos mas entenda-se, gosto de receber tanto como gosto de dar.
Não me vejo como a tal narcisista mas ao olhar para isto, consigo identificar-me com variadíssimas dessas definições gerais…

Paranóide – sem duvida, o meu namorado que o diga, coitado farta-se de sofrer, alguns dos meus amigos também, se é que os tenho…
Borderline – ui a impulsividade em pessoa
Histriônica – explica a intensidade dos sentimentos e o excesso de necessidade de atenção?
Narcisista – Necessidade de atenção sem duvida, muita… mas a parte da grandiosidade nem por isso até me considero uma pessoa com uma auto estima muito baixa. Ou melhor tenho picos, auto estima em alta, auto estima em baixa, parece a bolsa…
Esquiva – Talvez isto explique o nunca querer ir a eventos sociais principamente se forem em ambientes desconhecidos, nunca vou a festas do emprego por exemplo, prefiro arranjar a desculpa que preciso de ficar a trabalhar ou qualquer outra do género que me permita escapar-me
Dependente – dependente muito, da atenção, do carinho, da protecção. Submissa bastante, quantas vezes faço o que os outros querem apenas porque tenho medo que fiquem desapontados se não o fizer?
Obsessivo-Compulsiva - podíamos dizer que organização, perfeccionismo e controle são os meus nomes do meio principalmente quando falamos em trabalho. O facto de não começar uma coisa quando sei que não a vou conseguir fazer bem, ou até ao fim, por vezes dificulta-me a vida…
Pelos vistos tenho um bocadinho de tudo e vocês? Não se reconhecem em nada do que ali é descrito?
Para primeira entrada no Blog parece-me que já escrevi demais. Acho que chegou a altura de pensar sobre isto que acabei de escrever, até porque a vontade de chorar não passa e com lágrimas nos olhos é mais complicado.
Passei uma noite terrível desde que perguntei ao meu namorado porque é que ele anda comigo se não gosta de mim… A partir daí veio o amanhã falamos porque há coisas que não se falam pelo telefone e o sei que vais sofrer com o que te vou dizer… Ora como até me considero uma rapariga relativamente inteligente, alias não é preciso ser muito, para com estes argumentos perceber que o fim está próximo. E não consigo parar de pensar será que a culpa é minha? Será que estou a ser injusta para com ele? Como de costume a exigir demasiado? Será que ela gosta de mim mas está farto da minha psicose? Será que vai mesmo acabar comigo, como é que vai ter coragem para me fazer isso? Não percebe que eu o adoro? Mas isto é uma outra história que talvez vos conte mais tarde, quando chegar a casa da maldita conversa.