sábado, 19 de fevereiro de 2011

[ShortStory]

O quarto estava escuro e cheirava mal.

Ouvia-se demasiado o barulho da chuva, talvez, devido ao estado de degradação da casa.

Apesar do frio, os restos espalhados pela cozinha e pela sala, exalavam um odor execrável. Havia porcaria por todo o lado e aqui e ali um gato se regalava com um pedaço embolorado de qualquer coisa. Muitas das janelas já não tinham vidros, as cortinas grossas abanavam ao sabor do vento deixando a luz entrar apenas por breves instantes.

Há medida que Seth abria caminho da cozinha para o corredor, ouvia barulhos de pássaros e gritava - Está alguém em casa?

O papel de parede era apenas uma mancha suja e salpicada de vermelho escuro. O padrão dos salpicos indicava-lhe que algo de horrível se tinha passado ali, mas os gatos andavam por lá como se nada os incomodasse. O cheiro era insuportável!

Estava demasiado cansado e molhado para conseguir raciocinar, depois de ter andado perdido três dias naqueles bosques, só queria uma refeição quente e dormir. Aparentemente não seria ali que iria satisfazer as suas necessidades. Não havia telefone e mesmo que houvesse, provavelmente, não iria funcionar. Nada funcionava ali.
Seth tentou aceder a luz mas não havia qualquer reacção quando ele empurrava o interruptor para cima, para baixo e para cima novamente. Seth continuava - Está alguém em casa?

Nenhuma resposta, pelo estado da casa, as únicas coisas que ali entravam nos últimos anos, eram os habitantes dos bosques circundantes e aqueles gatos. Gatos selvagens, enormes... De onde vinham eles?

As escadas para cima não estavam em muito bom estado e Seth não arriscou subir, voltando a pensar no estado da casa e no que se teria passado ali.

Voltou para trás, pegou nuns troncos e acedeu a lareira. Na altura pensou que o melhor seria secar-se e descansar ali. De manhã logo pensaria o que fazer. Começou a limpar um pequeno espaço, tentou arranjar toalhas e panos para se secar e aquecer. Estava tudo imundo.

Mas Seth estava cansado e mesmo com fome... adormeceu profundamente.

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